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A 27 de Abril, o Navio Escola Sagres zarpará de Lisboa, numa viagem de cerca de 4 meses e passará por portos e cidades de África, América do Sul, estará no Rio de Janeiro para as comemorações do 10 de Junho com a presença do Presidente da República, e Europa, levando a bordo um casco com Moscatel de Setúbal muito antigo, cuja colheita será desvendada no regresso, um de Bastardinho 2011 e dois de Moscatel de Setúbal 2016.
O regresso previsto a Lisboa para Setembro próximo, é aguardado com expectativa pelas alterações que este vinho sofrerá durante esta viagem. Como realça Domingos Soares Franco, enólogo e administrador da José Maria da Fonseca, “à semelhança de experiências anteriores, espera-se que, à chegada a Portugal, este já famoso vinho da José Maria da Fonseca tenha desenvolvido uma qualidade superior, apresente uma cor mais escura e características totalmente diferentes, que o tornarão facilmente distinguível em provas comparativas com o mesmo vinho que fica a repousar nas nossas Caves em Azeitão”.
A experiência da viagem do Moscatel Torna Viagem realizou-se recentemente em 2016, por ocasião dos Jogos Olímpicos, 2015, em 2010, ano em que fez a “Volta ao Mundo” no Navio Escola Sagres, 2007 e em 2000, desta feita por altura da comemoração dos 500 anos do descobrimento do Brasil. Nestas cinco viagens comprovou-se a qualidade superior do vinho no seu regresso a Portugal, comparativamente aos cascos que permanecem nas adegas da José Maria da Fonseca, apelidados de “testemunhas”.
As cinco experiências de Torna Viagem da “era moderna” foram levadas a cabo sobretudo com o objectivo de investigação científica e fazem parte da colecção da empresa. Nenhuma destas edições está prevista que seja comercializada nas próximas décadas, permanecendo este Moscatel de Setúbal único na Casa Museu da José Maria da Fonseca, em Azeitão, podendo ser observadas pelos seus visitantes.
A equipa de Enólogos da José Maria da Fonseca, chefiada por Domingos Soares Franco, afirma que "o Moscatel fica mais redondo e aveludado, menos agreste e bastante mais complexo. Resumindo, transforma-se num vinho único, maravilhoso!".
Torna Viagem: uma experiência centenária
A José Maria da Fonseca descobriu o Torna Viagem há mais de um século. Na época em que navios cruzavam os mares do Mundo fazendo todo o tipo de comércio, era comum levarem à consignação cascos de Moscatel de Setúbal. Os comandantes, que recebiam uma comissão pelo que vendiam, nem sempre os conseguiam comercializar na totalidade. Na volta a Portugal, depois do périplo, em que se submetiam a diversos climas e significativas variações de temperatura, os cascos eram devolvidos à casa mãe. Ao serem abertos, o resultado era quase sempre uma grata surpresa: geralmente o vinho estava bastante melhor do que antes de embarcar. A passagem pelos trópicos, a caminho do Brasil, África ou Índia, quando atravessava por duas vezes a linha do Equador, uma na ida, outra na volta, melhorava a qualidade do Moscatel de Setúbal e conferia-lhe grande complexidade.
Fonte: JOSÉ MARIA DA FONSECA