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Uma ligação que é ainda mais forte e natural nos países produtores europeus tradicionais, sobretudo naqueles que assentam fronteiras na bacia do Mediterrâneo, civilizações onde o vinho ocupa uma presença obrigatória à mesa nos momentos mais nobres da família, instantes considerados como tempo de qualidade onde se partilham conversas e emoções.
Mas, apesar dessa ligação inequívoca e tão instintiva, a maioria continua a sofrer dificuldades claras no momento de estabelecer harmonizações perante a decisão de ter de escolher um vinho para acompanhar um determinado prato. Apesar de a experiência e a história se terem encarregado de criar algumas associações intuitivas, associando pratos regionais a vinhos regionais, preceito que habitualmente funciona, somos cada vez mais bombardeados com receitas novas e ingredientes recentes que não fazem parte do património regional ou da tradição nacional ou local, colocando-nos perante novos dilemas. Mas a tradição pode ao mesmo tempo ser um empecilho, ao prender-nos a regras que nem sempre são úteis ou actuais.
Talvez por isso seja tão comum a dificuldade em escolher vinhos para acompanhar uma refeição. Talvez por isso se sintam tantos constrangimentos e tantos receios perante a dificuldade na escolha como se existisse um padrão estabelecido do que será correcto e do que será absurdo. A mensagem mais importante nas tentativas de harmonização é que não existem regras formais e o que funciona para uns poderá não funcionar para outros. O que funciona para nós, portugueses, poderá ser considerado um anátema para um sueco ou para um chinês.
Mais do que certos e errados, fará mais sentido procurar descobrir as nossas preferências pessoais, a sensibilidade individual, o gosto pessoal. Sim, é mais ou menos consensual que algumas harmonizações funcionam perfeitamente como se se tratasse de um casamento celebrado no céu. Mas outras escolhas menos óbvias são igualmente impressionantes e poderão ser excelentes surpresas. Acima de tudo, vale a pena ser ousado e pensar fora da caixa e dos dogmas que acompanham as coisas do vinho.
Fonte: Fugas