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As mudanças climáticas induzidas pela atividade humana no último século já afetam a rotina das regiões vinícolas mais famosas do mundo – gerando alterações no calendário de maturação das uvas e expondo as plantações a chuvas mais intensas e imprevisíveis que o normal.
“O impacto da mudança climática na produção de vinho é real”, afirmou ao youris.com Elizabeth Wolkovich, professora de ecologia da Universidade de Harvard, nos EUA.
“Para produzir bons vinhos é necessário uma combinação precisa entre a variedade de uva e o clima do local. O desafio só vai aumentar se as temperaturas continuarem a subir e os regimes de chuvas continuarem a mudar.”
Na França, a temperatura média subiu 1,5ºC no último século.
A produção mundial de vinho caiu ao todo 3,2% em 2016. Um dos principais responsáveis foi o Brasil, que graças ao El Niño sofreu uma queda de 55%.
“Estamos numa média baixa devido a fenómenos climáticos que afetaram várias regiões do mundo”, comentou na época, numa coletiva de imprensa, Jean-Marie Aurand, diretor-geral da Organização Internacional da Vinha e do Vinho.
Um projeto colaborativo internacional chamado Innovine dedicou-se por quatro anos a selecionar variedades de uva mais resistentes por meio de análises genéticas.
Mais de 2 mil testes de DNA já foram feitos na busca de genes que tornem as plantas mais aptas a sobreviver ao aumento das chuvas e à disseminação de pragas decorrentes do aquecimento da atmosfera.
“Adotar material genético novo, selecionando variedades mais adaptadas ao estresse, sempre tem mais impacto que qualquer outra maneira de lidar com o problema”, explica a pesquisadora Anne-François Adam-Blondon, que comandou o projeto.
Outra possibilidade é usar simulações de computador que avisam a hora certa de fazer a colheita de acordo com as variações climáticas a que as uvas foram submetidas conforme cresciam, os chamados sistemas de suporte de decisão (DSS).
Quanto mais quente o ambiente, mais cedo a fruta atinge o estado ideal para colheita. Além disso, já é possível calcular como uma praga afetará uma plantação de acordo com o estágio de desenvolvimento das uvas e a previsão do tempo, o que melhora as estratégias de combate e reduz o uso de pesticidas.
Estratégias científicas à parte, um aumento de pelo menos 1,5ºC na temperatura média do planeta, segundo a maior parte dos especialistas, já é irreversível.
fonte: Exame